sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Campanha sobre a aids

A União Africana (UA) e agências da Organização das Nações Unidas pretendem consagrar este ano à prevenção do HIV/Aids, "para mudar o curso do vírus e da história". Dos cinco milhões de pessoas que contraíram o vírus da deficiência imunológica humana no ano passado, 3,2 milhões moram na África subsaariana, segundo o Programa Conjunto das Nações para o HIV/Aids (Onusida). Mais de 60% dos portadores do vírus causador da Aids em todo o mundo (isto é, pouco menos de 26 milhões) vivem nesta região, que representa 20% da população mundial.
O Ano para Acelerar o Acesso da Prevenção do HIV foi laado dia 11, simultaneamente em Johannesburgo (África do Sul), Adis Abeba (Etiópia), Ouagadougou (Burkina Faso) e Cartum (Sudão), com a intenção de que o continente intensifique e melhore seus esforços para prevenir a infecção. "É inconcebível que a cada dia quase duas mil criaas contraiam o vírus devido à gravidez, ao parto ou à amamentação, a maioria na África subsaariana, e que a cada dia cerca de seis mil pessoas entre 14 e 24 anos sejam infectadas", disse o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no laamento da campanha. "Este ano apresenta uma oportunidade de mudar o curso do vírus e da história", acrescentou a agência.

USO DO PRESERVATIVO
Para a campanha, estão previstos projetos educativos, de intercâmbio de informação, publicidade, especialmente sobre o uso correto do preservativo, e iniciativas para impedir a transmissão do HIV de mãe para filho. No laamento da campanha em Johannesburgo, participaram a ministra da Saúde da África do Sul, Manto Tshabalala- Msimang, e a cantora Angelique Kidjo, de Benin, embaixadora da Boa Vontade do Unicef. "Devemos identifi car os fatores da propagação do HIV na região e realizar esforços conjuntos para resolvê-los", disse Tshabalala-Msimang. "Entre esses fatores estão pobreza, subdesenvolvimento e desigualdade de gênero, o que torna as mulheres mais vulneráveis à infecção e ao impacto da Aids", acrescentou.
A prevalência do HIV na população adulta da África do Sul chega a 21,4%. Este país adotou a estratégia ABC (sigla em inglês para abstinência antes do casamento, fidelidade e uso de camisinha). "Com a distribuição maciça de 300 milhões de preservativos ao ano, nossa mensagem se concentrará no uso correto e consistente dos meios de prevenção que o governo fornece gratuitamente", disse a ministra. Nos próximos dois anos, acrescentou, seu governo destinará 33 milhões de dólares à campanha de prevenção à Aids. O governo sul-africano foi acusado de responder com lentidão no combate à doença. Ativistas mostram preocupação pela falta de lideraa do presidente Thabo Mbeki e da ministra da Saúde, e pediram que seja acelerado o ritmo de entrega de medicamentos anti-retrovirais, os mais eficazes para impedir o desenvolvimento da Aids. A África austral é a região mais afetada do continente. Mais de um terço dos infectados no ano passado moram ali, o que elevou o total para 15 milhões. Os governos e a sociedade civil da região enfrentam antigas tradições para frear a propagação da Aids. "Em Maláui vigoram ritos tradicionais de iniciação. As meninas são obrigadas a manter relações sexuais com homens mais velhos para provar sua feminilidade. A prática aumenta o risco de infecção", disse Maureen Kumwenda, ativista antiAids que assistiu a cerimônia em Johannesburgo.

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